Chegando ao fim de tudo, cada peça que eu envio é um alívio, mas também um peso, algo está acabando...Para explicar melhor vou contar uma história verdadeira:
" Em 2005 eu tinha acabado de entrar na faculdade e estava feliz assistindo à um filme no Cinusp quando o celular tocou, era o número da Mari, atendi super
contente, mas era o ex dela.
-Preciso conversar com você, estou indo ai na FFLCH!
Nos encontramos e ele me convidou para trabalhar na Marimoon Store no
lugar dele. Aceitei na hora, estava precisando trabalhar e quem não gostaria
de brincar de vendedora? E este foi sempre o tom para mim, trabalho que
na verdade era uma grande diversão, escolher roupas, estampas, bijouterias, brinquedos, bolsas e etc. que combinassem com o nosso público, pessoas
com o nosso estilo, fofas, ousadas e descoladas.
Ao mesmo tempo fui conhecendo a Mari, e nem preciso dizer aqui o quanto
admiro essa mulher, preciso? E cresci junto da loja, foi com ela que viajei
sozinha sem saber o endereço do lugar para onde estava indo, conheci
Brasília, interior de SP, viajei com banda, encontrei meu estilo para
vestir e descobri uma grande paixão, a moda, nunca pensei que gostaria
tanto de trabalhar com público, de ter responsabilidade e de ser capaz
de deixar as pessoas se sentindo mais bonitas, este era o ponto alto
de vender, poder proporcionar aos outros coisas exclusivas!
A exposição na internet, seu estilo e sua opinião, abriram para Mari
as portas para o sonho de muitas pessoas, um programa na televisão, os
limites agora, não existiriam mais, só que o tempo tornou-se escasso. Como
a vida é engraçada neste ponto, ganha-se de um lado, mas perde-se de outro.
Assumi algumas das funções que antes eram dela e continuei com as minhas
que se tornaram um pouco maiores, a ideia era trazer alguém para me ajudar
com as questões burocráticas, contas e notas, para que eu pudesse manter
o padrão de qualidade. Tentei, convidei três pessoas e observei como elas
reagiam, mas não era algo que mexia com elas, então continuei a procura.
Então sofremos nosso primeiro baque, o fornecedor, que parecia ser
capaz de realizar nossos sonhos em forma de
roupa, estava mais preocupado com seus outros clientes e devolveu peças
inacabadas e tecido, quase desistimos, costumo lembrar como "A primeira
grande depressão", nossa foi cruel!Rolos de tecido inutilizados, projetos descartados. Mas não desanimei, fui procurando oficinas na internet até
que achei uma muito legal, eles cortariam e fariam as camisetas e blusas
listradas que queriamos, até levaram direto para a estamparia!
Encontrei, na internet também, uma moça incrível que desenvolveu as
bolsas combinando com as blusas, ela foi até a minha faculdade levar a
peça piloto para eu aprovar! Ganhamos um fôlego!E queríamos desenvolver
peças novas, elaboradas, que a oficina anterior não poderia fazer.
Recebemos indicação de uma turma de estudantes de moda, que poderiam
fazer peças diferentes, com qualidade e preço bom. Nos reunimos e
eles pareceram captar exatamente a nossa intenção.
Fui com eles atrás de tecido, aviamentos e rendas, e nossa, como
é cansativo! Comecei a ficar assustada com o preço dos tecidos que eles
queriam, Lã é bem cara viu? Cortei algumas peças pois estava tudo
muito caro, para resumir, o preço individual ficou um absurdo, eles
atrasaram demais e isso acabou com nossos ânimos!Essa foi "A Segunda Grande Depressão".Talvez o estopim.
A vida de estilista não é fácil!Ficamos mais na curadoria de
produtos, aprendi a montar Bijoux e amei fazer coisas diferentes, encontramos tintas alternativas para a importada que não vinha mais, continuamos
bombando no Mercado Mundo Mix e abrindo espaço para novos artistas
e marcas, mas não era mais a mesma coisa, a
brincadeira tinha acabado, esse era um jogo para dois e sozinha não
tinha mais graça.
Agora temos um prazo para acabar, porque não acho justo simplesmente largar
as coisas, chutar o balde e sair andando, não é justo com os clientes, não é
justo com a gente e nem com ela, A Loja. Engraçado, ela é uma entidade já, eu
abro o email dela, muitas vezes antes do meu, de fim-de-semana dou uma
olhadinha nos clientes e nos produtos, troco as fotos.
Eu gostaria muito que reabríssimos em nova fase, versão 2.0 com mais
funcionários, espaço e possibilidades, tudo que ela realmente merece, mas
por enquanto o melhor é dar um tempo, para a ideia amadurecer e para
eu crescer."
Um comentário:
Florzinha, imagino o que vc está sentindo nesse momento. Fiquei deprê com seu post, na verdade um pouco feliz pq vc reage muito bem, eu estaria pior que isso. Mas é isso, brincar sozinha não tem graça, o importante é se divertir... Fiquei numa deprê do cacilda qdo tive q parar de vender tbm, essa bosta de faculdade tomando meu tempo. E agora, o que trabalhar com seguradoras acrescenta na diversão? nadinha. Dinheiro q nao vou ter tempo nem saco de gastar. A loja se foi, mas as pessoas estão sempre aí!! E tem muitas pra vc conhecer e amar ainda..... miss u babe
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